Medical nutrition therapy and clinical outcomes in critically ill adults: a European multinational, prospective observational cohort study (EuroPN)
Matejovic et al.
As atuais diretrizes da Sociedade Europeia de Nutrição Clínica e Metabolismo (ESPEN) recomendam um aumento progressivo da terapia nutricional para doentes críticos, deve-se fornecer < 70% do gasto calórico medido pela calorimetria indireta ou por equações preditivas durante a fase inicial (aguda) da doença e até 80 a 100% após o terceiro dia, para evitar o risco de hiperalimentação e síndrome de realimentação. Em paralelo, 1,3 g/kg /dia de proteína podem ser entregues progressivamente. O objetivo do presente estudo foi descrever a terapia nutricional por até 15 dias após a admissão na UTI em pacientes críticos com um tempo mínimo de permanência (LOS) de 5 dias e avaliar as associações diárias entre a ingestão de calorias e proteínas com o tempo para desmame da ventilação mecânica invasiva(VMI) e sobrevida de 90 dias.
Metodologia
Observacional, prospectivo, realizado em 77 UTIs de 11 países da Europa. N=1172 internados por no mínimo 5 dias na UTI. O acompanhamento foi realizado por 90 dias através de visita se hospitalizado, ou por telefone, após a alta hospitalar. Status de mobilidade do paciente (Score de mobilidade na UTI, IMS) foi estimado, refletindo os valores de IMS antes da admissão na UTI, e observado nos dias 15, 30 e 90 após a admissão na UTI.
Resultados
64% homens e 36% mulheres, 66 anos idade (média), APACHEII 18,5 (médio) e com índice de massa corporal (IMC) de ≥18,5
kg/m² e ≤ 45kg/m².
O desfecho primário foi descrito como a mediana dos balanços calóricos e proteicos, calculados em relação as metas
alvos do ESPEN até a alta da UTI, óbito ou máximo de 15 dias de permanência na UTI. A ingestão foi calculada a
partir de todas as fontes nutricionais. Definimos o aumento progressivo como 10 kcal/kg de peso corporal no
dia 1 (≈ 40% do gasto energético), 15 kcal/kg no dia 2 e 3 (≈60% do gasto energético), 20 kcal/kg nos dias 4 a 6
(≈80% do gasto energético), 25 kcal/kg nos dias 7 a 15(≈100% do gasto energético). As metas diárias de proteína
foram estabelecidas em 0,6 g/ kg no dia 1, 0,9 g/kg nos dias 2 e 3 e 1,3 g/kg nos dias 4 a 15. Os cálculos foram
baseados no peso corporal real (admissão) para pacientes com IMC < 30kg/m²e no peso ajustado, determinado pela
fórmula: (P real - P ideal)×0,33+P ideal, quando o IMC era ≥30kg/m², estimando o peso ideal de acordo com
Peterson.
No D15, 29% dos pacientes ainda estavam na UTI, 40% ainda internados e 30% receberam alta para casa ou foram
transferidos para outra unidade de saúde. No D90, 6% ainda estavam no hospital ou na UTI. Em relação à
mortalidade, 8% e 24% dos pacientes morreram no D15 e no D 90, respectivamente.
50% (N=406) dos pacientes que necessitaram de VMI entre o D1 e D3 após a admissão na UTI foram desmamados no
D8, durante o período de observação de 15 dias ocorreram 601 eventos de desmame.
Os pacientes atingiram em média 83% e 65% das metas recomendadas de calorias e proteínas conforme a ESPEN,
respectivamente. E quando comparam uma ingestão moderada variando com o tempo
(alimentação de 10–20 kcal/kg ou 0,8–1,2 g proteína/ kg) com a baixa ingestão constante
(alimentação < 10 kcal/kg ou < 0,8 g proteína/kg) observaram uma associação com a maior probabilidade
de desmame no D12 e com menor risco de morte. E independentemente do tempo, fornecer 10-20
kcal/kg por dia foi associado a um tempo de sobrevivência significativamente maior no D19 e
menor tempo em VMI no D12.
Conclusão
As análises dos resultados mostraram que a ingestão diária moderada de macronutrientes de 10–20 kcal/kg e
0,8–1,2 g de proteína/kg, ambas se aproximaram das novas recomendações foi associado a um desmame precoce
da VMI e, para calorias, a uma sobrevida mais longa
em comparação com uma ingestão diária acima ou abaixo dessas ingestões moderadas.
Referências bibliográficas
Matejovic M, et al. Medical nutrition therapy and clinical outcomes in critically ill adults: a European multinational, prospective observational cohort study (EuroPN).Crit Care. 2022;18;26(1):143. Acesso: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/35585554/
Departamento Médico e Científico | NHS Brasil | Outubro2022