Paralisia Cerebral 1,2
A paralisia cerebral (PC), também chamada de encefalopatia crônica não progressiva, é a causa mais frequente de deficiência motora na infância. É caracterizada por alterações neurológicas permanentes, resultantes de uma lesão do cérebro ainda em desenvolvimento. A consequente disfunção sensomotora a esse tipo de lesão engloba uma série de problemas musculoesqueléticos como:
No entanto, o quadro clínico da criança com paralisia cerebral não é um conjunto estático de sinais e sintomas, pois podem se desenvolver com o tempo e conforme o crescimento da criança.
Além dos sintomas mais comuns, a paralisia cerebral traz, em muitos casos, consequências graves como: deformidades articulares ou ósseas, convulsões, distúrbios respiratórios e digestivos.
A Etiologia da Paralisia Cerebral 3,4
A paralisia cerebral pode ser o resultado da interação de vários fatores de risco, que podem ocorrer nos períodos pré-natal, perinatal e pós-natal, embora em muitos casos, nenhuma causa identificável pode ser encontrada. Entre os fatores de risco, estão:
A Epidemiologia da Paralisia Cerebral5,6
Atualmente existem 17 milhões de pessoas em todo o mundo que vivem com paralisia cerebral e outras 350 milhões de pessoas estão intimamente ligadas a uma criança ou adulto com PC.
Em relação a dados epidemiológicos da doença, em países desenvolvidos, a incidência varia entre 1,5 a 5,9/1.000, porém, em países em desenvolvimento, como o Brasil, a incidência é de 7 por cada 1.000 nascidos vivos, tendo relação com a maior incidência de causas que poderiam ser evitadas, tais como: más condições de cuidados pré-natal e atendimento primário às gestantes.
A Fisiopatologia da Paralisia Cerebral 2,7,8
Os distúrbios relacionados à paralisia cerebral se apresentam de uma forma bastante variada, estando diretamente ligados à extensão do dano neurológico, desde lesões mais leves que podem causar pequenos déficits, até aquelas mais extensas, com quadros tão graves quanto restrições à mobilização e dificuldade de posicionamento, além do comprometimento cognitivo associado.
Classificação da PC conforme critérios de independência 9,10
As crianças com paralisia cerebral podem ser classificadas conforme o critério de sua independência funcional, nas funções motoras:
- Grossas: pelo sistema de classificação funcional Gross Motor Function Classification System (GMFCS), que categoriza conforme a mobilidade da criança.
- Finas: pelo sistema de classificação funcional Manual Abilities Classification System (MACS), que categoriza conforme a função manual da criança com PC.
Esta classificação verifica a extensão dos danos causados em função da capacidade motora do paciente apresentando 5 níveis, saindo dos danos mais discretos (Nível 1), até os mais severos (nível 5), conforme figura abaixo:
Conclusões
A paralisia cerebral é um grupo de distúrbios cerebrais crônicos muito variados, classificados de várias formas e com grande diversidade de sintomas. Assim, literalmente, não existe um caso igual o outro. Várias crianças podem ser portadoras de PC, mas cada uma irá demonstrar reações e interações de forma diferente, então, o tratamento deve ser sempre individualizado e integral (sempre com o envolvimento e acompanhamento dos pais/cuidadores).
Deve-se buscar a qualidade de vida do paciente através do desenvolvimento de alguma forma de locomoção e habilidade independente para as atividades diárias e nas formas de comunicação para brincar e ter atividades recreacionais e de convivência com outras crianças. Além disso, a avaliação nutricional e a terapia nutricional são fundamentais para auxiliar no desenvolvimento infantil, além de terapia ocupacional, fisioterapia e apoio psicológico. Conforme a classificação da doença pode ser necessário o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar composta por: fisiatra, ortopedista, neurologista, pediatra, oftalmologista, fonoaudiólogo, educador físico e nutricionista, minimizando assim o agravamento dos sintomas.
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Referências bibliográficas
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2. Varela, D. Paralisia Cerebral. Biblioteca Virtual em Saúde / Ministério da Saúde 2020.
3. Rosenbaum P et al. A report: the definition and classification of cerebral palsy April 2006.
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6. ABPC. Associação Brasileira de Paralisia Cerebral.
7. Revista fisioterapêutica Brasil: Physical Therapy Brazil.2010 fev;11(1).
8. Shevell MI et al. Comorbidities in cerebral palsy and their relationship to neurologic subtype and GMFCS level. Neurology 2009; 72(24).
9. Palisano RJ et al. Stability of the gross motor function classification system.Dev Med Child Neurol. 2006 Jun;48(6):424-8.
10. GRHAU Therasuit. Escala GMFM e GMFCS.
A paralisia cerebral é um grupo de distúrbios cerebrais crônicos muito variados, classificados de várias formas e com grande diversidade de sintomas. Confira as edições da Série Nestlé de Educação Continuada em Paralisia Infantil. Começaremos falando sobre Etiologia, Epidemiologia e Fisiopatologia desta doença.
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