Neste conteúdo abordaremos:
- Relação entre alteração na permeabilidade intestinal e inflamação crônica de baixo grau;
- Nutrientes com ação na saúde intestinal;
- Ômega 3, zinco e vitamina D.
O intestino humano, dividido entre delgado e grosso, está localizado na porção final do trato digestório. O intestino delgado é o responsável por finalizar a digestão e por absorver a maior parte dos nutrientes ingeridos, enquanto o intestino grosso é a parte que mais absorve a água, bem como uma parte dos eletrólitos.1
A relação entre alteração na permeabilidade intestinal e inflamação crônica de baixo grau
Existem alguns fatores que podem prejudicar a permeabilidade intestinal, sendo alguns deles:2
Quando essa barreira intestinal tem seu funcionamento alterado por algum destes agentes, ocorre um aumento na permeabilidade de macromoléculas, o que tem sido relacionado a doenças como: diabetes, dermatite atópica, além de doenças inflamatórias.3
Isso acontece, pois ao ter a resistência epitelial reduzida, há alteração da permeabilidade e com isso pode haver um aumento da resposta inflamatória devido à translocação de micro-organismos patogênicos ou mesmo à presença de ativadores de resposta imunológica.4
Nutrientes com ação na saúde intestinal
Um crescente número de estudos vem elucidando o funcionamento do intestino e da microbiota intestinal, bem como tem aprofundado de que maneira os nutrientes ingeridos podem modular esses mecanismos. Além disso, tais pesquisas têm investigado como essa dinâmica impacta em outros sistemas do organismo e de que forma atua na prevenção ou no surgimento de doenças.5
Dessa maneira, a seguir serão abordados alguns nutrientes, cuja suplementação, quando feita de maneira adequada, apresenta relação com a saúde intestinal:
Ômega 3
Ao mesmo tempo que se sabe que a inflamação pode contribuir para o surgimento de diferentes doenças, inúmeras evidências têm apontado para o quanto o desequilíbrio da microbiota (principalmente quando acontece uma redução na população de bactérias Lactobacillus e Bifidobacterium) pode contribuir para o desenvolvimento de doenças metabólicas, como a obesidade e o diabetes.5
Zinco
Depois do ferro, o zinco é o mineral mais abundante dentro do organismo, sendo essencial para diferentes funções - e sua interação com o intestino tem ficado cada vez mais evidente. Alguns mecanismos de ação são propostos para explicar a atuação deste micronutriente com a saúde intestinal, sendo eles: 6
Também foi verificado que o zinco é capaz de aumentar a variedade de espécies de bactérias existentes no intestino, o que colabora com o funcionamento adequado da microbiota, à medida que sua deficiência afeta negativamente a composição e funcionamento da microbiota, bem como a sinalização intestino-cérebro, podendo desencadear um aumento de marcadores inflamatórios.7
Por outro lado, indivíduos com dietas deficientes em zinco apresentam maior capacidade de absorção intestinal desse mineral, elucidando ainda mais a estreita relação entre zinco e intestino.7
Vitamina D
As funções da vitamina D, que anteriormente eram basicamente relacionadas à saúde óssea, nos dias atuais têm ganhado outra proporção. Isso porque os estudos têm demonstrado que o déficit dessa vitamina apresenta relação com a incidência de doenças autoimunes, além de diabetes, câncer, doenças cardiovasculares, entre outras.8
Além disso, a falta de vitamina D também tem apresentado associação com doenças intestinais, tais como: Síndrome do Intestino Irritável (SII) e Câncer de Cólon.8
Para confirmar tais achados, estudos de intervenção em humanos verificaram que a suplementação com vitamina D conseguiu ajudar a alterar determinadas populações de bactérias benéficas da microbiota intestinal, como: Clostridales e Lachnobacterium.8
Desta forma, é possível verificar que a suplementação, não apenas de vitamina D, mas também de zinco e ômega 3 são algumas das opções a serem consideradas para a manutenção do equilíbrio da saúde intestinal, ajudando assim a garantir a saúde e o bem-estar do indivíduo como um todo, lembrando que para um melhor aproveitamento do suplemento, uma preparação adequada do organismo se faz essencial.
Referências bibliográficas
1.Shils ME, Olson JA, Shike M, Ross AC. Tratado de Nutrição Moderna na Saúde e na Doença. 9 ed. Ed. Manole, 2002. 2122 p. 2.Travis S, Menzies I. Intestinal permeability: functional assessment and significance. Clin Sci 1992; 82(5): 471-88. 3.Secondulfo M, Iafusco D, Carratu R et al. Ultrastructural mucosal alterations and increased intestinal permeability in non-celiac, type 1 diabetic patients. Dig Liver Dis 2004; 36(1): 35-45. 4.Silveira CGA. Avaliação de biomarcadores de inflamação e de permeabilidade intestinal em adolescentes obesos. Tese de Doutorado. Universidade Nove de Julho. Disponível em http://bibliotecatede.uninove.br/bitstream/tede/2752/2/Cylmara%20Gargalak%20Aziz% 20Silveira.pdf. Acesso em setembro/22. 5.Constantini L, Molinari R, Farinon B, Merendino N. Impact of Omega-3 Fatty Acids on the Gut Microbiota. Int. J. Mol. Sci. 2017; 18, 2645. 6.Scarpellini E, Balsiger LM, Maurizi V, Rinninella E, Gasbarrini A, Giostra N et al. Zinc and gut microbiota in health and gastrointestinal disease under the COVID-19 suggestion. Biofactors. 2022;48(2):294-306. 7.Bielik V, Kolisek M. Bioaccessibility and Bioavailability of Minerals in Relation to a Healthy Gut Microbiome. Int J Mol Sci. 2021; 22(13):6803. 8.Tangestani H, Boroujeni HK, Djafarian K, Emamat H, Shab-Bidar S. Vitamin D and The Gut Microbiota: a Narrative Literature Review. Clin Nutr Res. 2021; 10(3):181-191.
A relação entre a saúde do intestino e os diferentes sistemas do organismo está cada vez mais evidente. Saiba mais sobre de que forma a permeabilidade intestinal influencia o surgimento de doenças, e como a suplementação pode auxiliar no equilíbrio da microbiota intestinal.
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