A microbiota intestinal 1-3
O intestino é uma estrutura complexa, formada principalmente por três componentes que estão em contato permanente e se relacionam entre si: as células intestinais, os nutrientes e a microbiota.
O sistema digestório do ser humano é composto por mais de 500 espécies de bactérias. Poucas espécies estão presentes no estômago e intestino delgado. A grande maioria se encontra no cólon, com um complexo ecossistema microbiótico, com grande concentração de bactérias - mais de 1011 a 1012 unidades. Dentre elas estão as bifidobactérias e os lactobacilos, considerados bactérias benéficas, apresentando benefícios para a saúde. Existem também as bactérias prejudiciais, como as do gênero Enterobacteriaceae e Clostridium ssp.
A microbiota saudável auxilia na digestão e absorção de nutrientes, além de diminuir a proliferação de patógenos, interferindo assim na imunidade, evitando que microrganismos altamente patogênicos proliferem. Por outro lado, se houver qualquer mudança no equilíbrio da microbiota, ela fica vulnerável e propícia a infecções.
Muitas pesquisas se dedicam a estudos relacionados à associação da composição da microbiota intestinal e o seu desequilíbrio (disbiose), relacionado a doenças como:
Disbiose 4,8
A disbiose é definida como qualquer alteração indesejável na composição da microbiota intestinal resultante do desequilíbrio entre as bactérias benéficas, como os lactobacilos, bifidobactérias e patogênicas, em comparação com as encontradas em um indivíduo saudável. Ela produz efeitos prejudiciais como:
- Mudanças qualitativas e quantitativas na flora intestinal;
- Mudanças em suas atividades metabólicas;
- Mudanças em sua distribuição local.
Causas
Os hábitos de vida que predispõem ao desenvolvimento da disbiose são:
A disbiose também pode estar associada a intolerâncias alimentares decorrentes da deficiência de enzimas digestivas, por exemplo, a deficiência de lactose, que promove intolerância.
Sintomas:
Os sintomas decorrentes da disbiose são:
Tratamento
O tratamento da disbiose abrange a abordagem dietética, por meio da ingestão de alimentos que beneficiam a constituição da microbiota intestinal, além do uso de medicamentos.
Na abordagem dietética, fibras solúveis e prebióticos, ou seja, substâncias fermentáveis não digeríveis, que promovem o desenvolvimento seletivo e ativam o metabolismo de bactérias benéficas no trato intestinal, especialmente as bifidobactérias, visam restaurar a composição do ecossistema intestinal por meio de mudanças nutricionais.
Fibras solúveis e prebióticos 9 - 12
Fibras solúveis são um tipo de fibras encontradas em frutas, cereais e vegetais. Não são digeridas e têm a capacidade de formar gel, (figura 1) responsável pela captação de açúcares e gorduras, contribuindo assim para o controle glicêmico e na redução de colesterol e triglicerídeos. São exemplos de fibras solúveis: β-glicanas, psyllium, pectina, goma guar, goma guar parcialmente hidrolisada (GGPH) e inulina. A GGPH é uma fibra solúvel em água e não gelificante, que contribui para o aumento e umidificação do bolo fecal e para o bom funcionamento do intestino como um todo, ainda estimula o peristaltismo e auxilia na integridade da mucosa intestinal.
Prebióticos
Prebióticos são definidos como alimentos não hidrolisáveis no trato gastrintestinal (TGI) superior, que promovem o crescimento preferencial de certas bactérias intestinais, particularmente as bifidobactérias e os lactobacilos. São classificadas como fibras alimentares solúveis (têm capacidade de formar um “gel” em contato com a água). São exemplos de prebióticos a inulina e a oligofrutose. Os prebióticos estão habitualmente presentes nas frutas e vegetais tais como: banana, trigo, cevada, centeio, aspargo, alcachofra, cebola, tomate, alho e chicória.
Fibras solúveis e a modulação da microbiota intestinal 13,14
Uma característica comum a todos os prebióticos é a capacidade de escapar da digestão no intestino delgado. Ao atingirem o cólon, servem de alimento para o colonócito e contribuem para o desenvolvimento das bactérias benéficas, as quais, por meio de um processo de fermentação, produzem principalmente gases hidrogênio, metano e carbônico, lactato e ácidos graxos de cadeia curta (AGCC). Os principais AGCC são: acetato, propionato e butirato que são importantes substratos para a saúde colônica. Os AGCC auxiliam na redução do pH colônico por meio da produção de ácido lático durante o processo de fermentação, o que diminui o crescimento de bactérias potencialmente patogênicas, como os gêneros Clostridium e Pseudomonas, e favorece o desenvolvimento de bactérias benéficas, como o Bifidobacterium e o Lactobacillus.
Constipação 15,16
A constipação também pode estar associada ao desequilíbrio da microbiota intestinal trazendo impacto na condição geral da saúde do paciente apresentando deficiência nas funções como: imunomodulação, baixa absorção dos nutrientes, proteção imunológica, produção de vitaminas e geração de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), que são fonte de energia para os colonócitos.
A suplementação com fibras solúveis pode aumentar em até 60% a frequência semanal de evacuação, auxiliando na regularização da atividade intestinal e apresentando também impacto na composição da microbiota intestinal.
Um estudo realizado por Waitzberg et al. comparou a utilização de um mix de fibras com Goma Guar Parcialmente Hidrolisada e Inulina versus Placebo. Após 3 semanas de uso, foi observada uma redução estatisticamente significativa nas bactérias patogênicas (gênero Clostridium) no grupo em uso de fibras, enquanto no grupo placebo houve aumento (Figura 2).
Portanto, pode-se afirmar que o consumo de fibras solúveis e prebióticos contribui para a modulação da microbiota intestinal, auxiliando no aumento das bactérias benéficas (efeito bifidogênico) e na redução das bactérias patogênicas, sendo assim considerada uma intervenção dietética importante na prevenção e tratamento da disbiose e doenças correlacionadas.
Neste conteúdo, iremos abordar:
- A microbiota intestinal;
- Disbiose;
- Fibras solúveis e prebióticos;
- Fibras solúveis e a modulação da microbiota intestinal.
Leia na íntegra.
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- Disbiose;
- Fibras solúveis e prebióticos;
- Fibras solúveis e a modulação da microbiota intestinal.
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- Disbiose;
- Fibras solúveis e prebióticos;
- Fibras solúveis e a modulação da microbiota intestinal.
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