Por que dieta em Doenças Inflamatórias Intestinais? O que há de novo disponível?
A prática pediátrica tem demonstrado como e por que a Nutrição Enteral Exclusiva (NEE) parece funcionar, embora não seja o tratamento perfeito. Existe uma interessante e farta literatura, que ajudou a desenvolver esse precisam obter mais conhecimento. A posição atual, perante os pacientes, é reticente quanto à efetividade da intervenção alimentar, não Estudos Randomizados são necessários para haver essa mudança de paradigma e a forma como se tem tratado isso.
A principal exceção para isso ao longo dos anos tem sido a Nutrição Enteral Exclusiva. Uma meta-análise sistemática foi desenvolvida há alguns anos, e outra publicada recentemente, com dados similares, que sugere que a NEE é ao menos equivalente a esteroides. Ainda que se tenha obtido significância estatísticas, foram registrados melhores resultados com a NEE e, até mesmo, maior porcentagem de cura da mucosa. O exame aprofundado nos dois tipos de análise dos estudos aponta superioridade da NEE versus esteroides na indução de remissão. Outro dado impressionante é acerca da cura/cicatrização da mucosa e mudança na composição bacteriana. O resultado endoscópico que é certamente favorecido com a terapia nutricional versus os esteroides. Diretrizes de consenso e guidelines ECCO/ESPGHAN, publicadas pelo portal em 2014 e, agora sendo escritas em versão atualizada, não deverão revelar uma conclusão muito diferente. O centro do tratamento é a Nutrição Enteral Exclusiva. O foco da atenção, entretanto, será o fato de que a NEE precisa ser tolerada para que se torne um tratamento efetivo.
Pesquisada em 2018, com a colaboração de 150 participantes de 28 países, envolvendo médicos, nutricionistas e alguns enfermeiros, apresentavam perguntas, dentre as quais: quão bem estão os especialistas, ou quão bem os pacientes estão se saindo, seguindo as orientações para a Nutrição Enteral Exclusiva? Certamente a maioria se sentiu otimista, pois os pacientes estão seguindo as instruções. Ainda assim, nem sempre os especialistas estão satisfeitos com os resultados e existem barreiras significantes. Com a exceção do grupo do Reino Unido, que não consideraram essas barreiras de prevalência significante, todas as outras jurisdições apontaram problemas com a palatabilidade (o gosto da fórmula) e a monotonia (o paciente não poder comer comida, dificulta a variedade da dieta), e que são questões que os pacientes reclamam, constituindo sérias barreiras que a dieta precisa abordar.
O encontro da melhor dieta deve contemplar necessariamente a compreensão dos mecanismos implicados, cujas informações, infelizmente, ainda vêm em sua maioria, de estudos com animais e de estudo com células. Mais recentemente, dispomos de dados humanos para apoiar essa compreensão essencial.
O protocolo CD-Treat, que foi publicado no mês passado no Gastroenterology Journal, refere-se a uma abordagem promissora e desperta interesse nesse campo, pelo surgimento de novas alternativas de intervenção, como as dietas personalizadas ao microbioma, contemplando alimentar seletivamente certos micróbios para corrigir os defeitos.
A declaração ECCO/ESPGHAN reconhece que o resultado do estudo realizado por Johnson et al (2006), com 50 crianças com doença ativa, divididas aleatoriamente, onde um grupo recebeu 100% Nutrição Enteral Exclusiva e outro grupo recebeu 50% de Nutrição Enteral Parcial associada com dieta livre (sem restrições), não foi efetivo para remissão e não diminuiu a inflamação, devido a associação com a dieta livre. Entretanto, se considerar o estudo de Boneth et al (2014), com 47 crianças e jovens adultos, com doença ativa, que receberam 50% das calorias com dieta polimérica e 50% dieta de exclusão para Doença de Crohn, encontrou remissão em 70% das crianças e 69% dos adultos jovens.
Outro estudo é um norte-americano, no qual pacientes que estavam em TNF, assim como os pacientes em nutrição enteral foram divididos em dois grupos: os que receberam NEE e os que receberam 90% de nutrição enteral e o restante com dieta livre (embora, uma vez permitida a ingestão de “comidas livres”, alguns pacientes acabaram comendo muito mais que 10%).
A diferença observada foi no marcador calprotectina, medida objetiva de melhora bastante sensível, destacando que há algo na comida e que precisa ser eliminada para melhorar os resultados.
Conclusão
A Nutrição Enteral Exclusiva (NEE) já apresenta bons resultados, podendo até ser equiparada ao uso de esteroides ao se avaliar a cicatrização da mucosa do paciente e superior na indução de remissão. Entretanto, para que o tratamento seja efetivo, é imperativo que as instruções sejam seguidas à risca – um empecilho denotado por alguns entrevistados. Alguns profissionais tem indicado uma dieta de eliminação de alimentos que causam os sintomas da doença, a chamada Nutrição Enteral Parcial (NEP). De forma promissora, alguns autores concluem que o tratamento dietético envolvendo a DEDC associada com NEP foi melhor tolerada que a NEE pelas crianças com Doença de Crohn leve a moderada. Ambas as dietas foram efetivas em induzir a remissão na semana 6. A combinação da DEDC com NEP induziu uma remissão sustentada numa proporção significativamente maior de pacientes do que a NEE, resultou em mudanças na microbiota intestinal associada com a remissão e pode ser um regime de resgate útil para pacientes que falham na terapia biológica, apesar do aumento da dose.1,2,3
Fonte: Highlights do Simpósio Nestlé, realizado no ESPGHAN 2019. Palestrante Eytan Wine.
Referências bibliográficas
1. Boneh RS, Pfeffer-Gik T, Levine A, et al. Partial Enteral Nutrition with a Crohn’s Disease Exclusion Diet is effective for induction of remission in children and young adults with crohn’s disease. Inflamm Bowel Dis 2014; 1353-1360. 2. Boneh RS, Shabat CS, Levine A, et al. Dietary Therapy with the Crohn’s disease exclusion diet is a successful strategy for induction of remission in children and adults failing biological therapy. J Crohn Colitis 2017; 1205-1212. 3. Levine A, Wkne E, Assa A, et al. Crohn’s disease exclusion diet plus partial enteral nutrition induces sustained remission in a randomized controlled trial. Gastroenterology. 2019; 157:440-450.
Para assistir à vídeo aula na íntegra, acesse:
www.nestlenutrition-institute.org/resources/videos/details/present-state-of-the-art-on-dietary-management-in-crohn-s-disease---eytan-wine
NHSDIG701219 - Material destinado exclusivamente a profissionais da saúde. Proibida a distribuição aos consumidores.
Faça o Login ou Cadastre-se para ver todos os conteúdos exclusivos