A doença de Crohn e inflamações não controladas causam muitos problemas, tanto nos intestinos como nos tecidos extraintestinais. Tais danos implicam frequentemente na necessidade de ressecções intestinais, as quais tiveram um aumento de 34% da incidência em um período de 5 anos.
Sabe-se que a “janela de oportunidades” no tratamento da Doença Inflamatória Intestinal (DII) está no estágio inicial, e o objetivo é barrar essa inflamação contínua que resulta em um processo de aumento dos danos teciduais.
Até o momento, medicamentos biológicos e as SMD (Small Molecule Drugs) são as duas únicas classes de drogas capazes de obter esse efeito anti-inflamatório.
Um estudo alemão populacional indica que, desde a liberação de anti-TNFs (Tumor Necrosis Factor) para doença de Crohn, as taxas de hospitalização e cirurgia de ressecção baixaram substancialmente. Esse impacto tem sido tão importante que, em muitos centros pediátricos de DII, a maioria dos casos de doença de Crohn já receberam biológicos, sendo que alguns deles possuem até mesmo 3 diferentes mecanismos de ação, como o MdA (Methylenedioxyamphetamine)
São fortes as evidências de que tais drogas funcionam, apesar de haver um teto de efeito aos agentes anti-TNFs. Sabemos através de estudos anteriores que a não-resposta primária pode ocorrer em mais de 65% dos adultos com doença de Crohn, mas é menor nos estudos pediátricos, chegando a apenas 18% na grande população pediátrica no Reino Unido.
A possibilidade de ocorrer a não-remissão primária, é ainda maior: 30 a 79% dos casos em pacientes adultos com doença de Crohn nunca chegam a atingir a remissão e, nesse estudo do Reino Unido, a taxa chega a até 51% dos pacientes pediátricos com doença de Crohn.
Também existem outros complicadores, se olharmos para o registro de Estudos Randômicos Controlados (RCTs), chave da aplicação dos agentes biológicos.
Não-Remissão
Nenhum dos agentes atingiu uma taxa de remissão indutiva acima de 50% e, pior que isso, a taxa de remissão em um período de 12 meses foi menor que 50%.
Se olharmos para o grande número de estudos de tratamentos com anti-TNFs, em 1 ano, menos de 40% dos pacientes com Doença de Crohn atingem remissão com tratamentos de terapia biológica.
A cura da mucosa é o objetivo dessa terapia. Uma meta-análise dos dados revela que isto favorece um melhor resultado clínico em longo prazo nos casos de remissão clínica. Diante disso, o que dizer desses estudos bem desenhados neste grupo de controle de pacientes adultos? No melhor resultado de estudo biológico publicado em 2018, podemos ver que, no grupo de intervenção de controle extremamente rígido, apenas 46% atingiram o resultado primário de cura da mucosa.
Durabilidade da Droga
Sabemos que a imunogenicidade leva à LoR (perda de resposta), o que pensava-se ser um problema com apenas alguns, mas estudos mostram que a imunogenicidade é um problema real, e possivelmente, todos os biológicos (Anti- TNF e IFX) terão problemas com imunogenicidade e perda de resposta, conforme sugerem os resultados obtidos no Reino Unido com terapia anti-TNF.
Segurança Terapêutica
A segurança também é um fator primordial. No estudo com pacientes franceses publicado na Alemanha em 2017, ficou estabelecido que, o risco maior estava nos pacientes em que o tratamento era administrado com combinações, mas também com um risco significativo para aqueles em monoterapia com anti -TNF e thiopurina. Além disso, definiu-se que imunossupressores e biológicos podem aumentar o risco de linfoma.
Custo Elevado
Os medicamentos biológicos desenvolvidos para as DII são altamente caros, com pouca taxa de sucesso. Vemos que poucos apresentam uma melhora significativa, quando comparado aos milhões de dólares que são gastos com eles durante os tratamentos clínicos e pouquíssimos são bem sucedidos.
Inicialmente apontada em crianças no mundo ocidental, há agora claramente um aumento da DII no mundo oriental (Ásia). Devido ao seu grande número populacional, o rápido aumento do número de pacientes é inevitável. A prevalência da DII no Ocidente é de aproximadamente 0,8% de toda a população. A DII é atualmente uma doença global.
Gastroenterologistas do mundo ocidental já se preocupam com o envelhecimento da população com a DII. Isso porque a prevalência da DII nas pessoas acima de 70 anos é de 1,2%.
Portanto, o crescimento na prevalência da doença, e o crescimento nos pacientes mais velhos traz grandes problemas sobre como iremos tratá-los. Com o crescimento da doença na população global, os países com baixos recursos também encontrarão um aumento na incidência da doença e dos casos severos. Como conseguirão pagar pelos novos biológicos, mesmo usando bio-similares? Os custos serão impeditivos. Portanto, é muito importante falar sobre as escolhas dos pacientes.
O conceito de como os pacientes são tratados tem mudado. Apesar da DII não ser uma doença de inerente expansão, notamos que tem progredido em muitos pacientes. Antes, tratávamos todos os pacientes da mesma forma, agora, temos uma abordagem mais personalizada, baseada em prognóstico e severidade, bem como no paciente e nos desejos de sua família. Tentávamos obter a remissão clínica ou resposta, mas agora buscamos mais objetividade, particularmente a cura da mucosa.
A manutenção era reativa, dirigida pelo médico, agora, buscamos um cuidado personaliz
O que os pacientes e seus familiares querem? Eles querem ter voz em seu tratamento, não querem ser passivos. Além do estilo de vida e da saúde, se preocupam também com a segurança e a não efetividade das drogas.
A dieta é uma das prioridades em pesquisas para pacientes com DII. A vasta maioria dos pacientes= e/ou seus cuidadores perguntam, logo após o diagnóstico, sobre o manejo dietético e nutricional em pacientes com DII.
Fonte: Highlights do Simpósio Nestlé, realizado no ESPGHAN 2019. Palestrante David Wilson
Para assistir à vídeo aula na íntegra, acesse o site:
www.nestlenutrition-institute.org/resources/videos/details/why-do-we-need-nutrition-therapy-in-an-era-of-biologics---david-wilson
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