A palestra foi moderada pelo Prof. Franck Carbonnel (França) e apresentada pelos Profs. Arie Levine e Nitsan Maharshak, ambos de Israel.
O prof. Carbonnel inicia dizendo que vários estudos apontam possível relação entre a dieta ocidental e a doença inflamatória intestinal (DII). Relata que a dieta enteral de exclusão vem sendo proposta e usada com sucesso no tratamento da Doença de Crohn (DC) pediátrica.
Introdução
O Prof. Arie Levine inicia sua palestra explicando que estratégia significa um planejamento para se atingir um objetivo sob condições de incerteza, e segue afirmando que as duas estratégias conhecidas no tratamento da DC são a abordagem step up acelerado e a abordagem top down. Explica que os objetivos atuais do tratamento da DC são inicialmente obter a remissão clínica, seguida do controle da inflamação da mucosa e a manutenção desta remissão a longo prazo. Busca-se atingir a cicatrização da mucosa, e prevenção de complicações e cirurgias.
O componente ambiental da doença de Crohn
Segue explicando que a DC é uma doença com componente ambiental em sua fisiopatologia, e a alimentação é um possível gatilho para a inflamação em uma significante proporção de pacientes. Afirma que uma doença com componente ambiental só pode ser controlada se esta causa ambiental da doença for abordada.
O fenótipo da Doença de Crohn responsiva à dieta
Neste tópico, o Prof. Levine relata a existência de um fenótipo responsivo à dieta na DC. Estes pacientes são identificados em estudos de nutrição enteral exclusiva (NEE), onde a reintrodução da dieta habitual após um período em dieta enteral é seguida por rápido aumento na calprotectina fecal e perda de resposta ao tratamento, mostrando que a dieta habitual é um agente que piora a doença nestes pacientes que apresentam este fenótipo. Isto não é observado em estudos onde o paciente usa a dieta de exclusão da doença de Crohn (DEDC) associada à nutrição enteral parcial (NEP). Mostra dados não publicados evidenciando que a DEDC associada à nutrição enteral parcial corrige a disbiose intestinal.
A nutrição enteral exclusiva comparada à DEDC em crianças
Prossegue mostrando estudo que compara a NEE com a DEDC em crianças, o qual mostra uma resposta equivalente no inicio da utilização, porém uma taxa de remissão na semana 12 significantemente maior para o DEDC. Na semana 12, ocorre também uma significante diminuição da calprotectina no grupo DEDC em relação ao grupo NEE. Mostra a seguir dados do microbioma, registrando uma diminuição em proteobacteria no grupo DEDC e no grupo NEE, que se mantém até a semana 12 no grupo DEDC, enquanto que o mesmo efeito não é observado na NEE na semana 12, quando é reintroduzida a dieta.
A seguir, mostra alguns exemplos, apresenta situações onde a doença não complicada recém diagnosticada pode ser tratada e mantida em remissão com a DEDC (estratégia sem medicamentos), ou tratada com uma combinação de medicamentos + DEDC e mantida depois só com dieta (estratégia de redução de medicamentos) ou ainda ser tratada com medicamentos apenas e ao se perder a resposta a estes medicamentos é introduzida a DEDC.
A estratégia de introdução precoce da DEDC sem medicamentos
O Prof Levine detalha a primeira estratégia, alinhando o paciente elegível para ela: doença leve a moderada, sem manifestação articular, não fumante. Faz-se a avaliação da resposta na semana 6 ou 12, se a inflamação não estiver sob controle adiciona-se medicamentos. ou regresso à fase 1 da dieta.
A estratégia de associação de DEDC com medicamentos
A segunda estratégia é a DEDC associada a drogas. A população é composta por pacientes que requerem tratamento medicamentoso com imunossupressor ou biológico, ou cuja adesão à dieta é questionável. Em um ano, pode-se tentar a retirada da droga se o paciente estiver com a mucosa cicatrizada, e desejam manter a dieta.
Perguntas e Respostas
(conduzida pelo Prof Carbonnel, com a participação dos Drs. Levine e Maharshak)
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Qual a diferença entre dietas de exclusão para colite ulcerativa e doença de Crohn?
Dr Levine responde que a dieta para retocolite tem um teor menos de proteína e gorduras saturadas e é mais liberal em frutas e vegetais.
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Qual o tempo e o preparo necessários para se explicar a dieta ao paciente?
Prof. Maharshak responde afirmando que em geral isto é feito dentro do tempo habitual de uma consulta. Afirma que é importante disponibilizar receitas e material de suporte para ajudar o paciente a aderir à dieta nas fases iniciais, e avaliar possíveis obstáculos que possam impedir o paciente de cumprir a dieta.
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Quais são os pacientes mais elegíveis à dieta?
Os professores elencaram aqueles com doença leve e não fumantes.
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Como a dieta pode ser feitas por pacientes veganos?
Explicam que alguns veganos podem aceitar a possibilidade de usar Modulen durante um período, ou alternativamente obter proteína de lentilhas.
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Existe a possibilidade de se usar a DEDC como profilaxia da recorrência pós -operatória após a
cirurgia?
Os professores responderam afirmando que não há estudos porém acham difícil conseguir que um paciente que ficou assintomático no pós operatório aceita aderir à primeira fase da dieta.
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Confira os principais pontos do simpósio apresentado pelos Profs. Arie Levine e Nitsan Maharshak, ambos de Israel. A aula teve como objetivo sanar algumas dúvidas relacionadas à dieta de exclusão para doença de crohn (DEDC), seus diversos estudos que apontam a possível relação entre a dieta ocidental e a doença inflamatória intestinal (DII) e apresentação da dieta enteral de exclusão como proposta usada com sucesso no tratamento da doença de crohn (DC) pediátrica, além da interação com perguntas e respostas.
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