Neste conteúdo, iremos abordar:
- A relação direta entre Microbiota Intestinal e Imunidade
- A ação dos Probióticos no organismo humano
- Prebióticos: o substrato dos Probióticos
- Tratamento com Probióticos e Prebióticos: um futuro promissor
A relação direta entre Microbiota Intestinal e Imunidade 1-5,8
O tema Imunidade nunca esteve tão em pauta quanto nos últimos dias, devido à pandemia de Covid - 19. O crescente interesse pelos mecanismos que melhoram o nosso sistema imune, nos direciona para a busca do conhecimento mais profundo sobre um dos principais reguladores do nosso sistema imunológico: o intestino, onde se encontra a microbiota intestinal, formada por bilhões de micro-organismos, divididos entre bactérias, fungos, protozoários e até alguns vírus, especialmente no cólon do intestino grosso.
Podemos classificá-los como:
Para ter um sistema imunológico eficiente, é necessário manter uma composição microbiana normal, equilibrada (eubiose), alimentando aquelas que auxiliam o organismo e evitando a multiplicação daquelas que são prejudiciais.
Estratégias alimentares direcionadas a evitar a disbiose intestinal têm sido assim objeto constante de estudo, muito especialmente no que se refere ao uso de probióticos e prébióticos.
A ação dos Probióticos no organismo humano 6-8
Os probióticos são microorganismos vivos, selecionados e benéficos para o organismo do hospedeiro humano, favorecendo o equilíbrio de microbiota intestinal ao povoar e incrementar as propriedades da microbiota nativa, devendo:
- Ser inócuo;
- Nutricionais Fisiológicos Antimicrobianos Reguladores da Microbiota
- Ser viável por longo tempo durante a estocagem e transporte;
- Tolerar o baixo pH do suco gástrico e resistir à ação da bile e das secreções pancreática e intestinal;
- Não transportar genes transmissores de resistência a antibióticos; Possuir propriedades antimutagênicas e anticarcinogênicas.
Assim, são usados em nutrição e medicina humana para prevenção e tratamento da disbiose, através de regulação da microbiota intestinal e ação em distúrbios do metabolismo gastrointestinal, como imunomoduladores e na inibição da carcinogênese.
Mecanismo de ação dos Probióticos
Os probióticos podem estimular tanto a resposta imune não-específica quanto específica e merece destaque o fato de que esses efeitos positivos sobre o sistema imunológico ocorrem sem o desencadeamento de uma resposta inflamatória prejudicial.
Atuam de forma independente ou associada, através de alguns mecanismos:
- Exclusão competitiva: o probiótico compete com os patógenos por sítios de fixação e nutrientes, impedindo sua ação transitoriamente. A exclusão competitiva explica, assim, a necessidade da administração continuada dos probióticos, para manifestar seus efeitos.
- Síntese de bacteriocinas e atuação sobre o metabolismo celular, afetam os patógenos ao reduzir a concentração de amônia no organismo.
- Efeitos anticarcinogênicos, por exemplo, por inibição de enzimas pré - carcinogênicas.
- Estímulo da imunidade do hospedeiro, através do aumento dos níveis de anticorpos e o aumento da atividade dos macrófagos.
Prebióticos: o substrato dos Probióticos 9,10
Os prebióticos são fibras alimentares que alimentam os probióticos, estimulando a sua proliferação e atividade para causar mudanças benéficas na composição ou atividade da microbiota intestinal.
Assim, para ser classificada como prebiótico, a substância deve atender aos seguintes critérios:
- Ser resistente à acidez gástrica, à hidrólise ou absorção do trato gastrointestinal superior;
- Ser fermentável pela microflora intestinal;
- Estimular seletivamente o crescimento e a atividade de bactérias intestinais que contribuem para a saúde.
Adicionalmente, o prebiótico pode inibir a multiplicação de patógenos, direcionando benefícios adicionais à saúde.
Qual o papel dos Prebióticos?
De forma diferente dos probióticos, os prebióticos também atuam na modulação da microbiota endógena.
Por serem substâncias não-digeríveis, a sua ação se dá por meio da estimulação do crescimento ou atividade das bactérias intestinais benéficas, como por exemplo as bifidobactérias, o chamado efeito bifidogênico.
Alguns tipos de prebióticos como a inulina e a oligofrutose, são resistentes à digestão na parte superior do trato intestinal, sendo fermentados no cólon, causando:
Tratamento com Probióticos e Prebióticos: um futuro promissor 11
A partir do conhecimento da importância da microbiota intestinal equilibrada para o sistema imunológico e dos mecanismos pelos quais os probióticos e prebióticos agem no organismo humano, crescem a pesquisa e o uso das estratégias de prevenção e tratamento de enfermidades como o câncer, obesidade, diabetes e doença inflamatória intestinal com este foco.
A suplementação da dieta com probióticos, prebióticos e simbióticos (que contém simultâneamente microorganismos probióticos e ingredientes prebióticos) está em crescente demanda e pode ter um papel fundamental para assegurar o desejado equilíbrio ao intestino humano e todas as consequências benéficas para a saúde e qualidade de vida.
Assim, novos estudos e inovação por parte da indústria alimentícia apresentam um futuro verdadeiramente promissor para pessoas de todas as idades, desde os primeiros anos de vida até a senilidade.
Referências bibliográficas
1. Biedermann L, Rogler G. The intestinal microbiota: its role in health and disease. Eur J
Pediatr. 2015;174(2):151-67.
2. Clarke, T.B., Dairs, K.M., Lysenko, E.S., Zhou, A.Y., Yu, Yimin & Weiser, J.N. Recognition
of peptigoglycan from the microbiota by Nod-1 enhances systemic innate immunity. Nature Medicine, 2010. 16 (2),
228-231.
3. Phipott, D.J. & Girardin, S.E. Gut microbes extend reach to systemic innate immunity.
Nature Medicine,2010.
4. Vandenplas, Y. et al. Probiotcs and prebiotics in prevention and treatment of diseases in
infants and children. Jornal de Pediatria, v. 87, n. 4, p. 292-300, 2011.
5. Bull, M. J.; Plumer, N. T. Part 1: The Human Gut Microbiome in Health and Disease.
Integrative Medicine (Encinitas), v. 13, n. 6, p. 17-22, 2014.
6. Havenaar, R.; Brink, B.T.; Huis Int´veld, J.H.J. Selection of strains for probiotic use.
In: Fuller, R. Probiotics: the scientific basis. London: Chapman e Hall, 1992. p.209-224.
7. Coppola, Mario de Menezes; Gil-Turnes, Carlos. Probióticos e resposta imune. Cienc. Rural,
Santa Maria , v. 34, n. 4, p. 1297-1303, Aug. 2004 .
8. Rinninella E, Raoul P, Cintoni M, et al. What is the Healthy Gut Microbiota Composition? A
Changing Ecosystem across Age, Environment, Diet, and Diseases. Microorganisms. 2019;7(1):14.
9. Saad, S.M.I. Probiotics and prebiotics: the state of the art., 2006.
10. Souza, F.S., Cocco, R.R., Sarni, R.O.S., Mallozi, M.C., Solé, D. Prebiotics, probiotics
and symbiotics on prevention and treatment of allergic diseases, 2010.
11. Chavez, R.A.M., Campos Arroyo A.G. Probioticos, Prebióticos y Simbióticos: aliados en el
cuidado de la salud., 2020.
12. Waitzberg DL, Pereira CCA, Logullo L et al. Microbiota benefits after inulin and partially
hydrolized guar gum supplementation – a randomized clinical trial in constipated women. Nutr Hosp 2012;
27:123-129.
A partir do conhecimento da importância da microbiota intestinal equilibrada para o sistema imunológico e dos mecanismos pelos quais os probióticos e probióticos agem no organismo humano, crescem a pesquisa e o uso das estratégias de prevenção e tratamento de enfermidades como o câncer, obesidade, diabetes e doença inflamatória intestinal com este foco. Saiba mais.
Faça o Login ou Cadastre-se para ver todos os conteúdos exclusivos