Neste conteúdo abordaremos:
- Definição e epidemiologia da doença de Alzheimer;
- Causas;
- Doença de Alzheimer x microbiota intestinal;
- Papel dos prebióticos na prevenção da doença de Alzheimer.
Definição e epidemiologia da doença de Alzheimer
A doença de Alzheimer é um quadro degenerativo, caracterizado por um lento comprometimento cognitivo e que afeta principalmente a memória (de curto e longo prazo), bem como a linguagem, o raciocínio e o comportamento, podendo também desencadear apatia e depressão.1
Causas
Envelhecimento cerebral: Esse processo está relacionado a uma redução de grupamentos neuronais de áreas do córtex e subcórtex, fato esse que pode contribuir para o aparecimento de sintomas de demência;
Alterações genéticas: Embora em menor incidência, modificações no gene da proteína precursora do amiloide (cromossomo 21), dos genes das pré-senilinas 1 e 2 (cromossomos 14 e 1), dentre outras alterações, podem contribuir para o surgimento da doença de Alzheimer;
Histórico familiar: Estudos realizados com indivíduos gêmeos demonstraram que a chance de ambos apresentarem a doença era de 40%;
Fatores ambientais: Nível de escolaridade, alimentação, prática de atividades físicas e desordens do sono também podem influenciar na incidência dessa doença.
Recentemente, diversos estudos têm demonstrado que o funcionamento inadequado da microbiota intestinal pode contribuir para o desenvolvimento da doença de Alzheimer.
Doença de Alzheimer X Microbiota Intestinal
A microbiota pode ser definida como o conjunto de diferentes espécies de microorganismos que colonizam o intestino. Dentre as mais prevalentes estão: Bifidobacterium, Eubacterium, Clostridium, Peptococcus, entre outras.5
Sabe-se que a microbiota intestinal produz substâncias como: monoaminas, metionina, homocisteína, entre outras, e que através do sistema linfático e circulatório alcançam os neurônios centrais, podendo desta forma afetar sua atividade.4
Assim, percebe-se a clara interação entre a microbiota intestinal e o cérebro. Nesse sentido, estudos têm demonstrado que algumas condições da microbiota podem contribuir para o surgimento da doença de Alzheimer.
Alguns dos inúmeros mecanismos de ação propostos para tal reação são:
Papel dos prebióticos na prevenção da doença de alzheimer
Os estudos apontam que a neuroinflamação aguda ou crônica é um dos principais fatores no acúmulo de amiloide e na progressão da doença de Alzheimer. Considerando que a microbiota intestinal têm influência na neuroinflamação, o consumo de prebióticos pode ajudar a suprimir este prejuízo e, por isso, o consumo destes componentes deve ser incentivado na alimentação habitual.4
É possível afirmar que se pode aumentar a quantidade de micro-organismos do intestino, tanto através do consumo
de alimentos probióticos, quanto com a utilização de suplementos alimentares prebióticos, que poderão modificar
de forma positiva a microbiota e, consequentemente, reduzir o risco de doenças
neurodegenerativas, como o Alzheimer.6
Prova disso são as pesquisas que evidenciam que um padrão alimentar caracterizado por um alto consumo de prebióticos e probióticos, em combinação com outros nutrientes, reduz o risco para o desenvolvimento da doença de Alzheimer e retarda o declínio das funções cognitivas.4
De forma resumida, é possível ilustrar a relação entre os prebióticos e a doença de Alzheimer da seguinte forma:7
Por fim, é válido salientar que um estudo realizado em ratos com a doença de Alzheimer demonstrou que a administração de prebióticos nessa amostra foi capaz de promover melhorias na performance cognitiva.4
Dessa forma, visualizamos a relação do consumo de prebióticos com o funcionamento adequado da microbiota intestinal, que por sua vez reflete em fatores de proteção importantes para a prevenção da doença de Alzheimer.
No mais, é válido lembrar que a adoção de hábitos de vida saudáveis se faz necessário para um controle mais eficaz desse tipo de doença.
Referências bibliográficas
1. Borges GHOC, Faria ACC, Guimarães BC, Shimasaki KHC, Leão VS, Soares YY. A influência da
Microbiota Intestinal na patogênese da doença de Alzheimer: uma revisão integrativa. Brazilian Journal of
Development. 2022; 8(7):50475-50494.
2. World Health Organization (WHO). Dementia: key facts. Disponível em
https://www.who.int/news-room/factsheets/detail/dementia. Acesso em setembro/22.
3. Aprahamian I, Martinelli JE, Yassuda MS. Doença de Alzheimer: Revisão da Epidemiologia e
Diagnóstico. Rev Bras Clin Med, 2008; 6:1-9.
4. Pluta R, Ułamek-Kozioł M, Januszewski S, Czuczwar SJ. Gut microbiota and pro/prebiotics in
Alzheimer’s disease. Aging. 2020; 12(6): 5539-50.
5. Machado AS. Importância da microbiota intestinal para a saúde humana, enfocando nutrição,
probióticos e disbiose. 2008. 33 f. Dissertação (Especialização em Microbiologia) – Universidade Federal de
Minas Gerais, Belo Horizonte, 2008.
6. Saad SMI. Probióticos e prebióticos: o estado da arte. Revista Brasileira de Ciências
Farmacêuticas. 2006; 42(1): 1-16.
7. Peterson CT. Dysfunction of the Microbiota-Gut- Brain Axis in Neurodegenerative Disease:
The Promise of Therapeutic Modulation With Prebiotics, Medicinal Herbs, Probiotics, and Synbiotics. J Evid Based
Integr Med. 2020; 25: 1-19.
A microbiota intestinal é capaz de impactar em diferentes condições de saúde e, sua relação com as doenças neurodegenerativas tem ficado cada vez mais evidente. Saiba mais sobre como o equilíbrio da microbiota através dos prebióticos pode ajudar a prevenir a doença de Alzheimer.
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