Neste conteúdo abordaremos:
- 1) O consumo de carboidratos de lenta digestão no controle glicêmico;
- 2) A contagem de carboidratos no diabetes mellitus;
- 3) Açúcar na alimentação do diabético;
- 4) Os benefícios do uso da isomaltulose como substituto do açúcar na alimentação do paciente com diabetes.
O diabetes mellitus é uma doença de alta prevalência e morbimortalidade, responsável por aproximadamente 4 milhões de mortes por ano em um universo de aproximadamente 425 milhões de adultos portadores da enfermidade.1
Neste contexto, a terapia nutricional com foco no controle glicêmico é indicada para reduzir o risco de complicações do diabetes mellitus, tanto agudas quanto crônicas, além de melhorar os desfechos dos tratamentos. O controle adequado pode diminuir entre 0,3 e 2% do valor sérico da hemoglobina glicada1 representando algo significativo no controle glicêmico.2
Assim, a terapia nutricional com foco no controle glicêmico deve ser feita de forma individualizada e busca os seguintes objetivos para o paciente diabético: 1
- Alcançar e manter o estado nutricional adequado;
- Atingir metas individualizadas de glicemia, pressão arterial e lipídios;
- Retardar ou prevenir as complicações do diabetes.
O consumo de carboidratos de lenta digestão no controle glicêmico
A resposta glicêmica que deve ser um dos pontos de atenção na alimentação do paciente diabético, podendo apresentar ampla variação conforme a composição de alimentos diferentes e características como:1
A partir das décadas de 80 e 90, foram iniciados estudos com o objetivo de determinar as diferenças entre as respostas glicêmicas produzidas por diferentes alimentos ingeridos como fontes de carboidratos, dando origem ao índice qualitativo denominado índice glicêmico. Em seguida, ao buscar dados mais fidedignos e que considerem as porções realmente consumidas pelos pacientes, foi introduzido também o conceito de carga glicêmica. 3
Classificação dos carboidratos
Os carboidratos são classificados em: 5
A contagem de carboidratos no diabetes mellitus6
Contar carboidratos é um método recomendado em alguns casos que permite ao paciente de diabetes maior flexibilidade e liberdade para escolher a quantidade de refeições a serem realizadas em um dia, melhorando a adesão ao tratamento e, consequentemente, a qualidade de vida do diabético.
Açúcar na alimentação do diabético
A sacarose ou açúcar, pode fazer parte da alimentação da pessoa com diabetes em quantidades bem moderadas (10% do total de carboidratos do dia) por ser considerado um carboidratos simples, de digestão rápida, o que aumenta a glicose sanguínea. Este valor é facilmente ultrapassado já que muitos produtos industrializados contêm açúcar em sua composição. Sendo assim, é interessante
substituir a sacarose por um carboidrato de digestão lenta.8
A isomaltulose é um exemplo de carboidrato de absorção lenta e com baixo índice glicêmico sendo encontrado naturalmente em pequenas quantidades no mel e na cana-de-açúcar e produzida em grandes quantidades por rearranjo enzimático do açúcar de beterraba. A isomaltulose já é muito utilizada no Japão e Estados Unidos como um excelente substituto da sacarose e da maltodextrina em produtos para diabéticos e pessoas com resistência à insulina. O gosto é muito parecido com o do açúcar e o poder adoçante é cerca de metade da sacarose. A isomaltulose é inclusive muito usada por praticantes de atividade física, pois dispara a glicose aos poucos no organismo, mantendo o corpo com energia durante todo o exercício. 9
Os benefícios do uso da isomaltulose como substituto do açúcar na alimentação do paciente com diabetes: 8,9
Estudos mostraram benefícios do uso da isolmaltulose em substituição ao açúcar:
- Redução de 20-50% na glicemia e níveis de insulina;
- Retardo no pico de glicose;
- Redução da quantidade total de glicose na circulação sistêmica;
- Redução da hemoglobina glicada em 0,1-0,5%;
- Proteção contra a hipoglicemia durante atividades físicas;
- Manutenção do peso.
Segundo a American Diabetes Association (ADA), é altamente recomendável que o indivíduo diabético receba orientação, educação e apoio para a autogestão da doença, sendo uma medida eficaz para controle, prevenção de complicações e melhora na qualidade de vida. 2
Referências bibliográficas
1. Diretriz BRASPEN de Terapia Nutricional no Diabetes Mellitus. Volume 35 – número 4 Suplemento Diretrizes 2020 2. Rossaneis MA.et. al. Fatores associados ao controle glicêmico de pessoas com diabetes mellitus. Ciênc. saúde colet. 2019;24(3). 3- Sampaio HAC et al. Índice glicê-mico e carga glicêmica de dietas consumidas por indivíduos obesos. Rev. Nutr. 2007;20(6). 4- Nascimento V.B. Emprego do índice glicêmico e carga glicêmica dos alimentos: uma alternativa nas dietas de pacientes com doenças crônicas? Rev. Assoc. Bras. Nutr.:2012;4(5). 5-Seyffarth Soccal Anelena. Os alimentos: calorias, macronutrientes e micronutrientes. CRN 5 6- Hissa ASR. et al.Avaliação do grau de satisfação da contagem de carboidratos em diabetes mellitus tipo 1. Arq Bras Endocrinol Metab 2004;48(3). 7- Diretrizes Sociedade Brasileira de Diabetes. Princípios gerais da orientação nutricional no diabetes mellitus. 2017/2018. 8- Maresch CC et al. Low glycemic index prototype isomaltulose— update of clinical trials. Nutrients, 2017;9(4):381, 2017. 9- Lina Bar et al. Isomaltulose (PalatinoseR): a review of biological and toxicological studies. Food and Chemical Toxicology, 2002;40(10):1375-1381.
Neste conteúdo abordamos a importância do controle glicêmico para a prevenção de complicações e melhora da qualidade de vida do paciente com diabetes, incluindo a forma como agem os carboidratos de lenta digestão e os conceitos de índice glicêmico, carga glicêmica e contagem de carboidratos.
Faça o Login ou Cadastre-se para ver todos os conteúdos exclusivos