Neste conteúdo abordaremos:
- 1) Os benefícios gerais dos exercícios físicos para o paciente com diabetes;
- 2) A influência da atividade física na função do GLUT4;
- 3) A prática de exercícios e controle glicêmico;
- 4) O efeito anti-inflamatório dos exercícios e a melhora na resistência à insulina;
- 5) Recomendações para a prática de exercícios físicos por pessoas com diabetes mellitus.
Os benefícios gerais dos exercícios físicos para o paciente com diabetes
Qualquer movimento produzido pelo músculo esquelético, com gasto de energia, é classificado como atividade física. Já o exercício físico é uma forma mais específica desta atividade, feito de forma estruturada e com o objetivo de melhora no condicionamento físico e na saúde de uma pessoa.¹
Os estudos sobre a prevalência da prática de atividades físicas em indivíduos com diabetes ainda são limitados. Porém, já existem comprovações de que esta prática é importante e essencial para a prevenção da diabetes tipo 2 e também para o tratamento desta e de outras formas da doença.1
Os exercícios físicos, principalmente envolvendo grandes grupos musculares, atuam mantendo o tecido magro (densidade óssea e massa muscular), trazendo benefícios para todas as pessoas, principalmente para o indivíduo com diabetes, aumentando o gasto energético, o que proporciona a redução do peso corporal, principalmente a perda de gordura, reduzindo o risco cardiovascular e contribuindo dessa forma com o controle do peso, além de proporcionar autoestima e bem-estar.2
A influência da atividade física na função do GLUT4
A glicose é a fonte principal de energia para os seres humanos, sendo responsável pela provisão de ATP. Por tratar-se de uma molécula insolúvel na membrana plasmática, o seu transporte para dentro das células é feito por difusão facilitada, dependendo das proteínas transportadoras (GLUTs) na superfície destas células.3
O GLUT4 é o transportador de glicose, dependente de insulina mais abundante nas células do músculo esquelético, cardíaco e do tecido adiposo. Quando a insulina se liga a um receptor específico, ocorre a translocação do GLUT4 para a membrana celular, tornando possível o aumento do transporte de glicose para o meio intracelular. 4
Desta forma, alterações moleculares na via de sinalização da insulina são determinantes para o estado de resistência a este hormônio, condição esta, associada também à diminuição do conteúdo de GLUT4, um efeito importante para o estabelecimento da intolerância à glicose e do diabetes tipo 2.3,4
A prática regular de atividades físicas estimula por uma via independente da insulina, a translocação dos GLUT4 para a membrana das células e assim, promove a captação de glicose e redução da sua concentração sanguínea. 4
Ativação da AMPK4
A AMPK é a enzima ativada pela AMP (adenosina mono fosfato) e resulta da contração muscular e da necessidade de transformar a AMP novamente em ATP (adenosina tri fosfato) devido ao gasto energético durante os exercícios físicos.
A ativação da AMPK promove da mesma forma, porém, independentemente da sinalização pela insulina, a translocação dos GLUT4 para a membrana celular e consequente entrada da glicose na célula.
A prática de exercícios e controle glicêmico
Atualmente, é sabido que os exercícios físicos podem ter efeitos benéficos na ação da insulina, aumentando a captação de glicose pelo músculo esquelético, conforme a figura abaixo:4
Após o exercício prolongado, a captação da glicose permanece aumentada por até 2 horas, por mecanismos independentes da insulina e, por até 48 horas, através de mecanismos dependentes da insulina.1
O efeito anti-inflamatório dos exercícios e a melhora na resistência à insulina 4
Na obesidade, o tecido adiposo é capaz de produzir e aumentar entre duas e três vezes os níveis séricos de algumas citocinas inflamatórias como a TNF-α e outras subjacentes, que especificamente prejudicam as vias de sinalização da insulina.
Dessa forma, a inflamação em tecidos metabólicos é também um fator para o desenvolvimento de resistência à insulina e, por reduzir a gordura corporal, os exercícios físicos assumem também o importante papel anti-inflamatório, reduzindo a produção dessas citocinas pró-inflamatórias.
Recomendações para a prática de exercícios físicos por pessoas com diabetes mellitus
Segundo as mais novas diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes, segue abaixo um resumo das principais recomendações:
Lembrando que o plano de exercícios deve ser individualizado, considerando idade e nível de atividade anterior, com atenção especial a pacientes com condições que possam contraindicar certos tipos de exercícios ou predispor a lesões.1
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Referências bibliográficas
Referências: 1- Exercícios físicos e diabetes mellitus. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes, 2019-2020. 2- Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte. Posicionamento oficial. Programas adequados e inadequados para a redução de peso. Rev. Bras. Med. Esporte 3 (4). Dez 1997. 3- Machado U.F. Transportadores de glicose. Revisão Arq Bras Endocrinologia Metabólica 42 (6). Dez 1998. 4- Pauli J.R., Cintra D.E., de Souza C.T., Ropelle E.R. Novos mecanismos pelos quais os exercícios físicos melhoram a resistência à insulina no músculo esquelético. Arq Bras Endocrinologia
Metabólica 53 (4). Jun 2009.
Confira neste conteúdo o benefício da prática de exercícios físicos para o paciente com diabetes, incluindo os mecanismos que interferem positivamente no controle glicêmico e na melhora na redução da insulina, tanto por mecanismos alternativos à presença do hormônio para a translocação do GLUT4, quanto pelo seu caráter anti-inflamatório.
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