Incidentes hospitalares que resultam em dano ao paciente são denominados Eventos Adversos (EA). Segundo a RDC 36/2013 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, todos os eventos adversos, incluindo lesão por pressão, ocorridos nos serviços de saúde, devem ser notificados pelo Núcleo de Segurança do Paciente, ao Sistema Nacional de Vigilância Sanitária.1 Os EA são considerados indicadores da distância entre o cuidado ideal e o cuidado real, sendo o enfrentamento deste problema um desafio para a qualidade dos serviços de saúde.2
Caracteriza-se lesão por pressão (LP) uma lesão localizada na pele e/ou tecido subjacente, normalmente sobre uma proeminência óssea, como resultado da pressão ou de uma combinação entre esta proeminência e forças de torção.3
Sua etiologia é multifatorial, mas é sabido que a redistribuição da pressão, especialmente sobre as proeminências ósseas, é a preocupação principal, uma vez que a pressão contínua sobre a pele leva a fenômenos isquêmicos associados à deficiência de nutrientes e consequente necrose tecidual. 4,5
A prevenção da LP, consiste em identificar e minimizar os fatores de risco, tendo como preocupação principal a redistribuição da pressão principalmente nas proeminências ósseas. A literatura não sugere a frequência com que se deve reposicionar o paciente, mas duas horas em uma única posição é o máximo de tempo recomendado para pacientes com capacidade circulatória normal.4 Segundo a National Pressure Ulcer Advisory Panel, a frequência do reposicionamento do leito deve levar em consideração os aspectos individuais, como: 3
No contexto da unidade de terapia intensiva, a ocorrência de LP pode apresentar-se com números mais elevados, em decorrência da gravidade dos pacientes, frequentes procedimentos terapêuticos, imobilidade no leito, conexão de dispositivos específicos, perda de massa muscular e longos períodos de internação.6
No atual momento de enfrentamento de uma pandemia, as lesões por pressão se tornam mais incidentes, visto que o tempo de permanência hospitalar de pacientes graves, com imobilidade e internados em unidades de terapia intensiva, tem sido um fator crítico, somado à sobrecarga da equipe assistencial, que está vivendo na linha de frente com incertezas e uma demanda de cuidados que se prolonga.
Concomitante, tem-se vivenciado a transição demográfica e epidemiológica com aumento expressivo de idosos, além da prevalência de doenças crônicas e degenerativas, sendo que: 7
Desses, muitos são considerados “idosos frágeis”, que trazem como consequência a síndrome da imobilidade e o maior risco de aparecimento de lesão por pressão.7
A Escala de Braden é um instrumento norteador para a LP, que tem como objetivo auxiliar os profissionais de saúde, especialmente os enfermeiros, a identificar e minimizar os fatores de risco de o paciente desenvolvê-la. É importante ressaltar que a escala de Braden deve ser usada em conjunto com o julgamento dos profissionais da saúde. Cada item da subescala da pontuação serve como um marco para as avaliações que precisam ser mais exploradas e um guia norteador das intervenções necessárias.8
Faz-se necessário todo o investimento nas medidas de prevenção de LP em pacientes internados, no intuito de evitar a ocorrência desse evento adverso que influencia diretamente no tempo de permanência hospitalar, nos custos assistenciais, na redução da confiança do usuário ao serviço de saúde. Todos esses fatores podem comprometer o bem estar e a qualidade de vida do paciente e familiares envolvidos, afetando o prognóstico e, muitas vezes, implicando em encargos judiciais e sociais, além da sobrecarga e sofrimento da família e do paciente, no momento do seu retorno para o domicílio.
Diante do contexto, o reforço sobre a necessidade e importância do reposicionamento no leito, associada ao manejo clínico, nutricional e os cuidados básicos necessários ao conforto e dignidade dos pacientes que se encontram em imobilidade temporária ou definitiva, devem ser considerados prioritários na assistência de enfermagem, no intuito de prevenirmos esse importante evento adverso, que são as LP.
Referências bibliográficas
1. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Resolução em diretoria colegiada – RDC no 36, de 25 de Julho de 2013.
2. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Nota técnica GVIMS/GGTES No 03/2017. Práticas seguras para prevenção de lesão por pressão em serviços de saúde. 12 Fev. 2019.
3. NPUAP/EPUAP/PPPIA. Prevenção e tratamento de úlceras por pressão: guia de consulta rápida, 2014.
4. Ministério da saúde / ANVISA / Fiocruz. Protocolo para prevenção de úlcera por pressão, 2013.
5. Costa MP, et al. Epidemiologia e tratamento das úlceras de pressão: experiência de 77 casos. Acta ortop. bras. 2005;13(3):124-133.
6. Fernandes NCS, Torres GV, Vieira D. Fatores de risco e condições predisponentes para úlcera de pressão em pacientes de terapia intensiva. Rev. Eletr. Enf. 2008;10(3):733-46.
7. Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), IBGE - 2013. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv94074.pdf.
8. Salcido R, Popescu A. Pressure ulcers and wound care. Medscape. Reference; 2012.
No atual momento de enfrentamento de uma pandemia, as lesões por pressão se tornam mais incidentes, visto que o tempo de permanência hospitalar de pacientes graves, com imobilidade e internados em unidades de terapia intensiva, tem sido um fator crítico, somado à sobrecarga da equipe assistencial, que está vivendo na linha de frente com incertezas e uma demanda de cuidados que se prolonga. Confira o que a enfermeira Enfermeira Ana Beatriz de Pinho Barroso fala sobre a importância dos cuidados com o reposicionamento no leito, associada ao manejo clínico, nutricional e os cuidados básicos necessários ao conforto e dignidade dos pacientes que se encontram em imobilidade temporária ou definitiva, no intuito de prevenirmos as lesões por pressão. Confira.
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