O isolamento social imposto a toda população, tem um impacto para os idosos maior do que para qualquer outra faixa etária, pois leva a um alto nível de estresse e, esse acaba induzindo respostas inflamatórias que reduzem a produção dos leucócitos e impactam na sua defesa às infecções. Ao mesmo tempo que protege o idoso do contato com portadores da COVID-19, pode contribuir para reduzir sua resposta imunológica. O agravante nessa situação também vem com a redução ou interrupção de qualquer tipo de atividade física ou mesmo pequenos deslocamentos (idas a praças, mercados, feiras ou padarias) levando ao sedentarismo. 1,2
Outro fator importante do isolamento social, é a monotonia alimentar, isto é, passa-se a ingerir maior quantidade de carboidratos e alimentos ultraprocessados (acentuada quantidade de sal, açúcar e gorduras saturadas) e reduzida ingestão de frutas, hortaliças folhosas e não folhosas e principalmente de proteínas de alto valor biológico. 3,4
A soma desses fatores: estresse, inflamação, redução de atividade física e alimentação desequilibrada resultam em redução de massa muscular e consequentemente de peso, contribuindo de forma direta com a espiral da fragilidade - desnutrição, sarcopenia e a síndrome da fragilidade, como demonstra a figura 1. 1,12
A fragilidade é definida por muitos pesquisadores como uma síndrome que diminui as reservas e a resistência aos estressores, resultando em vulnerabilidade do organismo, declínio funcional, incapacidades e, em estágios mais avançados, podendo levar à morte.6,8
Os marcadores de fragilidade associados ao declínio energético e das reservas são, entre outros, idade avançada, baixa atividade física e diminuição da massa magra e da força muscular. 6
A fragilidade é uma síndrome preditiva de alto risco de mortalidade, mobilidade prejudicada, incapacidade para atividades da vida diária, bem como para a hospitalização. 6
A desnutrição é considerada um dos pilares da fragilidade por influenciar todos os critérios de diagnósticos dessa síndrome como: baixa força muscular, exaustão, redução dos níveis de atividade física, baixa velocidade de marcha e perda de peso não intencional. Dessa forma, a prevenção da desnutrição pode evitar o início da cascata da síndrome da fragilidade que, quando acomete um idoso, é muito difícil de ser revertida. 5-9
O estudo de Andrade e cols. mostraram que as prevalências de fragilidade hoje no Brasil aumentam segundo a idade, apresentando taxas de 13,5% na faixa etária de 60 anos ou mais e, 16,2% aos 65 anos ou mais, sendo estes dados da população em domicílio. 1,12
Alguns fatores são responsáveis pela estreita relação entre fragilidade e desnutrição: saúde bucal, qualidade da dieta, ingestão de macro e micronutrientes e redução do apetite (anorexia do envelhecimento), porém, a ingestão de proteínas pode ser o principal fator devido às suas ações sobre a massa e sobre a força muscular. Estas duas condições clínicas, a desnutrição e a fragilidade física, podem ser o resultado da progressão da sarcopenia. 6-12
A sarcopenia hoje é definida pelo grupo de Trabalho Europeu sobre Sarcopenia em idosos revisado em 2019 (EWGSOP, 2019) como a perda de massa muscular associada à idade (sarcopenia primária) ou a doenças, inflamação, imobilidade, dentre outras (sarcopenia secundária). Para o diagnóstico, usa-se o mesmo critério: a diminuição da força muscular e redução da massa e/ou desempenho físico ou função. 2
O anabolismo muscular é regulado por uma série de fatores, tendo como substrato fundamental os aminoácidos provenientes das proteínas da dieta. 2
Algumas pesquisas têm demonstrado que 15% dos indivíduos com mais de 60 anos ingerem menos do que 75% da recomendação diária de proteínas na dieta. Najas e cols. demonstraram que a citação de ingestão diária de proteína animal na população idosa do município de São Paulo fica abaixo de 50%, considerando todos os níveis socioeconômicos.13
O menor aporte de proteínas, principalmente as de alto valor biológico, e a redução da quantidade de alimentos ingeridos, é um grave problema para esta parcela da população, uma vez que necessitam de mais proteína para apresentarem a mesma eficiência no metabolismo proteico do que os indivíduos jovens. 6,12,14
A intervenção nutricional na sarcopenia tem como objetivo minimizar a perda e aumentar a síntese muscular e deve ser iniciada logo após o diagnóstico. A ingestão proteica é o ponto central do tratamento, juntamente com a adequação calórica e a prática de exercício físico. 14
A recomendação de proteína para idosos, segundo o consenso europeu (EWGSOP, 2019) é de é de 1,0 a 1,5g/kg de peso/dia para garantir o anabolismo proteico.2
Como adequar e minimizar os efeitos deletérios desse isolamento
A intervenção nutricional da desnutrição tem como meta atingir o balanço calórico positivo, ou seja, ingestão de calorias superior ao gasto calórico, resultando em aumento da reserva energética.14 Esta é a estratégia adequada para a melhor utilização das proteínas.
É recomendada uma dieta que atenda à recomendação de 32 a 38 kcal/kg de peso/dia para o cálculo das necessidades calóricas daqueles com baixo peso ou desnutridos. Para pacientes com desnutrição moderada/grave deve-se iniciar a terapia nutricional oral (TNO) com valor calórico abaixo do metabolismo basal ou 20 kcal/kg de peso/dia, para uma melhor absorção dos nutrientes oferecidos.9- 15
A intervenção dietética consiste em aumentar a densidade calórica (elevação do valor calórico da preparação sem alterar o seu volume), uma oferta alta de alimentos in natura e a ingestão de duas porções de carnes diariamente. 14
A utilização de fórmulas nutricionais com alta concentração de proteínas, ou de módulos específicos de proteínas para atingir as recomendações, é essencial neste momento, uma vez que são conhecidas as dificuldades de ingestão de alimentos fontes de proteína (principalmente a animal) por parte dessa população, além do sedentarismo. Mesmo que o individuo não tenha iniciado nenhum desses processos (desnutrição, sarcopenia e fragilidade), é importante que se faça uma orientação de prevenção.
Assim, manter uma alta ingestão calórica e proteica é fundamental para evitar o início da espiral de fragilidade em meio ao isolamento social imposto.
O isolamento social imposto a toda população, tem um impacto para os idosos maior do que para qualquer outra faixa etária, pois leva a um alto nível de estresse e, esse acaba induzindo respostas inflamatórias que reduzem a produção dos leucócitos e impactam na sua defesa às infecções. Ao mesmo tempo que protege o idoso do contato com portadores da COVID-19, pode contribuir para reduzir sua resposta imunológica. O agravante nessa situação também vem com a redução ou interrupção de qualquer tipo de atividade física ou mesmo pequenos deslocamentos (idas a praças, mercados, feiras ou padarias) levando ao sedentarismo.
O isolamento social imposto a toda população, tem um impacto para os idosos maior do que para qualquer outra faixa etária, pois leva a um alto nível de estresse e, esse acaba induzindo respostas inflamatórias que reduzem a produção dos leucócitos e impactam na sua defesa às infecções. Ao mesmo tempo que protege o idoso do contato com portadores da COVID-19, pode contribuir para reduzir sua resposta imunológica. O agravante nessa situação também vem com a redução ou interrupção de qualquer tipo de atividade física ou mesmo pequenos deslocamentos (idas a praças, mercados, feiras ou padarias) levando ao sedentarismo.
O isolamento social imposto a toda população, tem um impacto para os idosos maior do que para qualquer outra faixa etária, pois leva a um alto nível de estresse e, esse acaba induzindo respostas inflamatórias que reduzem a produção dos leucócitos e impactam na sua defesa às infecções. Ao mesmo tempo que protege o idoso do contato com portadores da COVID-19, pode contribuir para reduzir sua resposta imunológica. O agravante nessa situação também vem com a redução ou interrupção de qualquer tipo de atividade física ou mesmo pequenos deslocamentos (idas a praças, mercados, feiras ou padarias) levando ao sedentarismo.
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