Neste conteúdo iremos abordar:
- 1) O cenário da disfagia na pandemia de Covid-19;
- 2) O crescimento do teleatendimento durante a pandemia;
- 3) Os principais desafios para o teleatendimento em disfagia.
Para os fonoaudiólogos, o tratamento da Covid-19 apresenta alto risco de contaminação, devido à ocorrência de gotículas, espirros e aerossóis, desde o diagnóstico, até o manejo no dia a dia do acompanhamento.2
A Covid-19 e a disfagia são enfermidades que agravam uma à outra, em termos de riscos e condições agravantes, tanto para o paciente quanto para os profissionais de saúde e cuidadores. Além disso, uma das consequências da Covid-19, devido à insuficiência respiratória, é a dificuldade de deglutição em decorrência do prejuízo laríngeo, justificando a triagem para disfagia em pacientes pós-Covid, principalmente aqueles idosos e em condições mais graves.3
O crescimento do teleatendimento durante a pandemia de Covid-19
Diante da prioridade no combate à Covid-19, muitos serviços clínicos foram reduzidos e até interrompidos, com adiamento e cancelamento de consultas médicas e cirurgias eletivas. Porém, diante da necessidade de atendimento a centenas de milhares de pacientes com comorbidades para a própria Covid-19, como a disfagia, além de outras como a hipertensão, as doenças respiratórias e o diabetes, tornou-se necessário buscar novas estratégias, entre as quais destaca-se a telemedicina. 4
A telemedicina já vinha apresentando crescimento nos últimos anos devido às novas possibilidades criadas pelas tecnologias digitais, porém, a pandemia gerou uma aceleração nesse processo, alterando inclusive as regulamentações a respeito deste tipo de atendimento.4
Atualmente, conclui-se que a telemedicina traz benefícios como: 4
Existem alguns estudos apontando a efetividade do atendimento via telemedicina para pacientes com disfagia, principalmente os adultos. Estes, no entanto, são anteriores à pandemia e foram realizados em condições controladas. Está destacada também a necessidade de não considerar a telemedicina como algo “melhor do que nada”, mas observar as limitações técnicas, necessidades de treinamento e regulamentação para efetivamente garantir a qualidade e a eficácia dos serviços prestados. 5
Os principais desafios para o teleatendimento em disfagia
As vantagens da telemedicina, tais como a redução de custos e tempo dedicado a uma consulta, além do melhor alcance dos profissionais de saúde sem limites geográficos já eram conhecidas mesmo antes da pandemia de Covid-19. No entanto, existem vários desafios para que seja garantida a qualidade e efetividade dos serviços prestados ao paciente com disfagia, tais como:6
- Necessidade de treinamento de teleprática pelos profissionais de saúde;
- Resistência e dificuldade de adaptação dos pacientes, especialmente os mais idosos, às tecnologias necessárias para a realização da consulta virtual;
- Necessidade de fornecimento de informações e compreensão pelo paciente, das diferenças, limitações e benefícios da consulta remota em relação à consulta presencial;
- Cuidado com a privacidade do paciente no meio digital;
- Necessidade de equipe multidisciplinar, incluindo enfermeiros, médicos, fonoaudiólogos e nutricionistas para diagnósticos mais complexos, como o de pneumonia;
- Avaliação, mesmo a distância, das funções orais, cognitivas e de linguagem do paciente;
- Treinamento para o paciente, mesmo a distância, do comportamento ideal para consumo dos alimentos;
- Necessidade da presença de um cuidador ao lado do paciente na consulta, quando este está debilitado;
- Necessidade de regulamentação pelos órgãos responsáveis, seguida pela necessidade de adaptação a esta.
A telemedicina está em crescimento e no momento ainda não existem estudos clínicos suficientes que comprovem sua eficácia, mantendo assim um baixo nível de evidências científicas, sendo este um desafio adicional para entender, melhorar e avaliar o teleatendimento médico para pacientes com disfagia. 6
Em um recente episódio do Avante Nestlé Cast, “Atendimento on-line em Disfagia: uma realidade possível?” a fonoaudióloga Juliana Venites abordou sua experiência e os principais desafios enfrentados na aplicação prática da telemedicina ao paciente com disfagia. Acesse.
Referências bibliográficas
1. Andrade PA et.al. Importância do rastreamento de disfagia e da avaliação nutricional em pacientes hospitalizados. EINSEinstein (São Paulo) 16 (2). 2018 2. Araújo BC et. al COVID-19 e disfagia: guia prático para atendimento hospitalar seguro - número 1. Audio, Commun. Res. 25 • 2020 3. Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia. Segundo direcionamento científico: atuação fonoaudiológica em disfagia na pandemia de COVID-19 4. Caetano R. et.al. Desafios e oportunidades para telessaúde em tempos da pandemia de COVID-19: uma reflexão sobre os espaços e iniciativas no contexto brasileiro. Cad. Saúde Pública 36 (5) 2020. 5. Miles A et. al. Dysphagia Care Across the Continuum: A Multidisciplinary Dysphagia Research Society Taskforce Report of Service Delivery During the COVID 19 Global Pandemic. Dysphagia (2021) 36:170–182. 6. Catalani B e Berretin-Felix G. Telessaúde em disfagia orofaríngea: revisão de literatura. Anais. 2015.
As vantagens da telemedicina, tais como a redução de custos e tempo dedicado a uma consulta, além do melhor alcance dos profissionais de saúde sem limites geográficos já eram conhecidas mesmo antes da pandemia de Covid-19. No entanto, existem vários desafios para que seja garantida a qualidade e efetividade dos serviços prestados ao paciente com disfagia.
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