Neste conteúdo iremos abordar:
- 1. As principais causas e complicações da disfagia
- 2. O impacto clínico da disfagia no paciente com Covid-19
- 3. O impacto nutricional para o paciente com disfagia
As principais causas e complicações da disfagia
Quando pensamos em Disfagia é muito importante levar em consideração a classificação adotada para distinguir as suas formas, conforme as causas, que podem afetar especialmente a laringe e o esôfago proximal (na Disfagia alta ou Orofaríngea) ou aquelas que atingem o corpo esofágico e a junção esofagogástrica (na Disfagia baixa ou Esofágica), prejudicando de alguma forma o trajeto dos alimentos e líquidos da cavidade bucal até o estômago.1
O diagnóstico deve ser feito o quanto antes. Quando não tratada, a Disfagia está relacionada ao aumento da morbimortalidade e complicações como: ²
Além disso, pode afetar diretamente a qualidade de vida do paciente ao causar problemas nos âmbitos social e emocional, pois a dificuldade para fazer as refeições prejudica a socialização e interação familiar, podendo levar ao isolamento e a enfermidades associadas, como a depressão.³
O impacto clínico da disfagia no paciente com Covid - 19
As dificuldades de alimentação são parte do quadro clínico do paciente de Covid-19, como resultado de diversos fatores como: 4
- Comprometimento neurológico
- Aumento do esforço respiratório
- Disfagia pós-extubação
- Uso de dispositivos de suporte respiratório
Dessa forma, são necessários cuidados como o tratamento nutricional adequado, o manejocompensatório e o acompanhamento periódico para diagnosticar, evitar e, se necessário, tratar aDisfagia Orofaríngea, visando reduzir os riscos de uma pneumonia aspirativa, sendo a principal causade morbimortalidade na Disfagia, agravada ainda mais no paciente com Covid-19.4
A relação entre alterações neurológicas e a disfagia em pacientes de Covid-19
O processo de deglutição ocorre sob a coordenação de uma extensa rede neural, quencluiestruturas corticais, subcorticais e do tronco cerebral. Essa rede neural pode serfetada pela Covid-19, causando a Disfagia.
1/3 dos pacientes hospitalizados com Covid-19, apresentam alterações neurológicas.4
Disfagia e dificuldades respiratórias na Covid-19
No processo normal de respiração pelo nariz, os esfíncteres velopalatino e laríngeo são abertos para a passagem do ar. Ambos são fechados quando engolimos e este mecanismo nos permite proteger as vias aéreas da entrada de alimentos ou líquidos.
Nos pacientes com sintomas respiratórios, como a Covid-19 ou colocados sob a ventilação mecânica, ocorre falta de coordenação entre a respiração e a deglutição. Com a ocorrência de deglutiçõesdurante a inspiração, cria-se uma condição para a aspiração e consequente piora no quadropulmonar.4
Importante observar também que a placa bacteriana é considerada um fator de risco bastante relevante para a pneumonia aspirativa associada ao procedimento de ventilação mecânica, risco este aumentado pela dificuldade, ausência ou carência de higiene bucal, bem característica desta situação.4
Um estudo realizado no Brasil com 101 pacientes com COVID-19 intubados em média 8 dias e avaliados à beira do leito após a extubação conforme o protocolo de avaliação de risco de Disfagia mostrou que: 4,5
O impacto nutricional para o paciente com disfagia
A Disfagia torna necessária uma série de modificações na dieta do paciente, visando impedir a falta de alimentação que causa principalmente a desnutrição e a desidratação, bem como a aspiração de alimentos, evitando assim, sua entrada indevida nas vias aéreas e consequências graves associadas.²
Entre estas modificações, está terapia nutricional que envolve a suplementação nutricional e, principalmente, as mudanças de consistência dos alimentos e líquidos.²
Os líquidos muito ralos causam dificuldade para a deglutição de pacientes que apresentam controle laríngeo reduzido, de forma que se busca, com a adição de agentes espessantes especificamente formulados para este fim, uma consistência modificada conforme o grau de disfagia de cada paciente, facilitando a alimentação desses pacientes.²
Vias alternativas de alimentação na disfagia
Em casos mais sérios e, conforme os critérios que incluem a avaliação das característicasclínicas da deglutição, a integridade do trato gastrointestinal e as condições sistêmicas do paciente,torna-se necessário optar pelo uso de vias alternativas para a alimentação, tais como a sondanasogástrica, sonda nasoentérica e as ostomias (gastrostomia e enterostomia).6
Quando necessários, estes são procedimentos que tornam possível melhorar a qualidade de vidae evitar desdobramentos mais graves das dificuldades na deglutição, promovendo mais saúde, segurança e bem estar, sendo fundamental o acompanhamento do profissional fonoaudiólogo ede um nutricionista.2,6
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Referências bibliográficas
1. World Gastroenterology Organisation. Global Guidelines: Dysphagia, Global Guidelines& Cascades. Update September 2014. 2. Rodrigues CS, et al. Avaliação multidisciplinar para adequação dadieta em pacientes com sinais de Disfagia em um hospital referência em infectologia no Amazonas. BrazilianJournal of Health Review. 2020;3(6):20088-104. 3. de Paiva KM, et al. Envelhecimento e Disfagia: uma questãode saúde pública. Journal of Aging and Innovation. 2012;1(6):67-77. 4. Fernández RL, et al. Disfagia en tiemposde COVID-19. Rev. Otorrinolaringologia. Cir. Cabeza Cuello. 2020;80(3):385-94. 5. Lima MS, et al. Resultados preliminares de um estudo clínico para avaliar o desempenho e a segurança da deglutição empacientes críticoscom COVID-19. CLINICS 2020;75:e2021. 6. Rodrigues KMR, et al. Disfagia na população idosa e seus impactosna qualidade de vida desses pacientes: uma revisão bibliográfica. Anais do Congresso de Geriatria e Gerontologiado UNIFACIG. 2020;1(1).
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