Neste conteúdo abordaremos:
- 1. Incidência do câncer de mama no Brasil e mundo;
- 2. Nutrição na prevenção do câncer de mama;
- 3. Tratamento do câncer de mama e conduta nutricional;
- 4. Nutrição no pré e pós-cirúrgico do câncer de mama;
- 5. Terapia Nutricional no câncer de mama.
Com a chegada do mês de outubro, é celebrado o “Outubro Rosa”, campanha criada na década de 90 nos Estados Unidos com o objetivo de conscientizar a população em relação à prevenção e tratamento do câncer de mama: o tipo mais prevalente entre as mulheres ao redor do mundo.1
Incidência do câncer de mama no Brasil e mundo
De acordo com dados da “International Agency for Research on Cancer”, da Organização Mundial da Saúde (OMS), a incidência do câncer de mama entre as mulheres foi de mais de 2,2 milhões de casos em 2020.2 No Brasil, estima-se que esse quadro impacte cerca de mais de 66 mil mulheres em 2022, sendo também o tipo de câncer que mais causa mortalidade no país.3 De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de mama apresenta no Brasil uma taxa de mortalidade de 11,84/100.000 mulheres.4
Parte importante da detecção precoce do câncer de mama envolve a realização da mamografia, especialmente em mulheres de 50 a 69 anos de idade. Através do SUS, foram realizadas mais de 2 milhões de mamografias de rastreamento em 2021. Um ponto de atenção importante aqui, é a queda expressiva no número de exames que aconteceu em decorrência da pandemia causada pela COVID-19, sendo que o patamar do número de mamografias realizadas em 2019 ainda não foi retomado.5
Nutrição na prevenção do câncer de mama
Com o intuito de prevenir o surgimento de novos casos, bem como de reduzir os índices de mortalidade, os estudos têm investigado cada vez mais a influência da nutrição na prevenção e tratamento do câncer de mama.6
Alguns dos compostos e nutrientes cuja ação na prevenção do câncer de mama, que já foram demonstrados através de evidências são:
Tratamento do câncer de mama e conduta nutricional
O tratamento do câncer de mama varia de acordo com fatores como o tipo histológico e o grau de diferenciação tumoral e inclui etapas como: cirurgia, quimioterapia, radioterapia, entre outros.11
Considerando que 80% dos pacientes oncológicos apresentam algum grau de desnutrição já no momento do diagnóstico, é imprescindível considerar uma terapia nutricional adequada e individualizada como uma forma de intervenção precoce.12 No mais, sabe-se que algumas formas de tratamento do câncer de mama, como a
radioterapia e a quimioterapia, influenciam de maneira significativa nas necessidades nutricionais.
A partir deste contexto, pode-se afirmar que durante o tratamento do câncer de mama, é preciso atentar-se aos seguintes aspectos nutricionais:
Nutrição no pré e pós-cirúrgico do câncer de mama
Atualmente, considera-se que tratamentos radioterápicos e sistêmicos aliados à cirurgia da mama afetada é uma das formas mais adequadas de conduta para o câncer de mama, aumentando a sobrevida das pacientes, realizando assim, um melhor controle da doença.16
Dentre as opções existentes para o tratamento do câncer de mama, há a opção cirúrgica – que pode ser radical, envolvendo a retirada da glândula mamária, ou conservadora, que visa retirar apenas o tumor, com uma margem de tecido mamário normal em torno da lesão.16
Considerando o contexto cirúrgico, é preciso atentar-se à nutrição tanto no pré quanto no pós-operatório, com o objetivo de adequar o estado nutricional da paciente e obter melhores resultados após a intervenção cirúrgica.
Assim, alguns dos principais cuidados nutricionais no pré e pós-operatório em pacientes com câncer de mama são:
Terapia Nutricional no câncer de mama
A terapia nutricional especializada é parte essencial no tratamento do paciente oncológico, influenciando de forma expressiva nas respostas do organismo ao tratamento.13
A utilização de suplementos nutricionais deve ser considerada, com o objetivo de suprir todas as necessidades nutricionais da paciente, bem como forma de manter primordialmente a via oral para alimentação.14
Neste sentido, é possível afirmar que a terapia nutricional especializada pode contribuir para dois aspectos da paciente com câncer de mama:
Manutenção do estado nutricional
A ingestão de proteínas pode variar de 1,0 a 1,5g de proteínas/kg de peso/ dia, podendo chegar a 2,0g de proteínas/kg de peso/ dia em casos de pacientes com presença de sarcopenia, inflamação, resistência à insulina e sedentarismo. Esse consumo proteico poderá ser distribuído ao longo do dia, com cerca de 20 a 30g de proteínas por refeição.14
Além da quantidade, é preciso atentar-se à qualidade proteica ofertada. Sabe-se que a suplementação realizada com proteínas do soro do leite (whey protein) pode se ser uma alternativa, já que apresenta alto teor de aminoácidos essenciais, como isoleucina, leucina e valina (BCAA).19
Tolerância ao tratamento
O manejo dos efeitos colaterais subsequentes à administração de medicamentos é parte fundamental do tratamento, visando a manutenção do estado nutricional e melhor resposta às terapias.
Algumas medidas nutricionais podem ser feitas, de acordo com os sintomas apresentados, tais como:14,20
- Náuseas e vômitos: Estimular o consumo de alimentos e bebidas cítricos e gelados, bem como evitar o consumo de alimentos gordurosos, condimentados, e com fortes odores.
- • Diarreia: Estimular o consumo de líquidos como água, bebidas esportivas, sucos e gelatina, e evitar o consumo de alimentos fontes de fibras como vegetais, frutas, nozes e cereais integrais.
- • Fadiga: Incluir na alimentação alimentos de fácil preparo, e atentar-se ao consumo de líquidos, visando o funcionamento adequado do trato digestório.
Conclusão
Conforme demonstrado, a terapia nutricional é fator essencial para a prevenção do câncer de mama, bem como para auxiliar em desfechos favoráveis do tratamento deste tipo de carcinoma. Assim, o acompanhamento nutricional e uma terapia nutricional individualizada e adequada para cada paciente se fazem necessários e devem fazer parte do tratamento multidisciplinar de mulheres com câncer de mama.
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Referências bibliográficas
1.Gutiérrez MGR, Almeida AM. Outubro Rosa. Acta. Paul. Enferm. 2017; 30(5): 3-5. 2.International Agency For Research On Cancer. Cancer today. Lyon: WHO, 2020. Disponível em: https://gco.iarc.fr/today/home Acesso em Agosto/22. 3. Instituto Nacional do Câncer (INCA). Mortalidade. Disponível em https://www.inca.gov.br/controle-do-cancer-de-mama/dados-enumeros/ mortalidade. Acesso em Agosto/22. 4. Instituto Nacional do Câncer (INCA).Mamografias no SUS. Disponível em https:// www.inca.gov.br/controle-do-cancer-de-mama/dados-e-numeros/mamografia-no-sus. Acesso em Agosto.22. 5. Instituto Nacional do Câncer (INCA). Conceito e Magnitude. Disponível em https://www.inca.gov.br/controle-do-cancer-de-mama/conceito-e-magnitude. Acesso em agosto/22. 6.Padilha PC, Pinheiro RL. O Papel dos Alimentos Funcionais na Prevenção e Controle do Câncer de Mama. Revista Brasileira de Cancerologia. 2004; 50(3): 251-260. 7. Wynder EL, Cohen LA, Muscat JE, Winters B, Dwyer JT, Blackburn G. Breast cancer: weighing the evidence for a promoting role of dietary fat. J Natl Cancer Inst. 1997; 89(11):766-75. 8.Prentice RL. Future possibilities in the prevention of breast cancer: fat and fiber and breast cancer research. Breast Cancer Res. 2000; 2(4):268-76. 9.Willett WC. Diet and breast cancer. Journal of Internal Medicine. 2001; 249: 395-411. 10.Buja A, Pierbon M, Lago L, Grotto G, Baldo V. Breast Cancer Primary Prevention and Diet: An Umbrella Review. Int. J. Environ. Res. Public Health. 2020; 17(13): 4731. 11.Cordeiro ALO, Fortes RC. Estado nutricional e necessidade de intervenção nutricional em mulheres com câncer de mama em tratamento quimioterápico. Arq. Catarin Med. 2015; 44(4): 96-110. 12.Smiderle CA, Gallon CW. Desnutrição em oncologia: revisão de literatura. Rev Bras Nutr Clin. 2012; 27(4): 250-6. 13.Brazilian Society of Parenteral and Enteral Nutrition. Diretriz BRASPEN de Terapia Nutricional no Paciente com Câncer. BRASPEN J. 2019; 34 (Supl 1):2-32. 14.Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica. Guia de Nutrição para o oncologista. Disponível em https://sbocnordeste.org.br/wp-content/uploads/2021/04/03.21_Guias_-_Nutricional_v10b.pdf. Acesso em Agosto/22. 15.Ravasco P. Nutrition in Cancer Patients. J Clin Med. 2019; 8(8):1211. 16. Bergmann A. Prevalência de linfedema subsequente a tratamento cirúrgico para câncer de mama. Dissertação de Mestrado. Fundação Oswaldo Cruz. 17. Wiemann A, Braga M, Carli F, Higashiguchi T, Hübner M, Klek S, Laviano A et al. ESPEN guideline: Clinical nutrition in surgery. Clinical Nutrition. 2017; 36: 623e650. 18.Aguilar-Nascimento JE, Salomão AB, Waitzberg DL, Dock-Nascimento DB, Correa MITD, Campos ACL et al. Diretriz ACERTO de intervenções nutricionais no perioperatório em cirurgia geral eletiva. Rev Col Bras Cir. 2017; 44(6): 633-648. 19.Haraguchi FK, Abreu WC, de Paula H. Proteínas do soro do leite: composição, propriedades nutricionais, aplicações no esporte e benefícios para a saúde humana. Rev Nutr.2006; 19(4):479-488. 20.Consenso nacional de nutrição oncológica. / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva; Nivaldo Barroso de Pinho (organizador) – 2. ed. rev. ampl. atual. – Rio de Janeiro: INCA, 2016.
Conheça quais nutrientes são capazes de auxiliar na prevenção do câncer de mama e de que forma uma terapia nutricional adequada pode ajudar no tratamento deste tipo de câncer.
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